sábado, 11 de junho de 2011

A batata quente do Seis e Meia (??????)






Yuno Silva

repórter

Após 16 anos em cartaz, com programação constante de shows nacionais e locais, o Projeto Seis e Meia está na geladeira desde agosto do ano passado. E, pelo jeito, ninguém está muito animado para assumir a missão de dar prosseguimento à iniciativa. O futuro do projeto será definido na próxima sexta-feira (10), quando a Fundação José Augusto abrirá as propostas de produtores interessados em assumir a realização do evento. Trata-se de uma licitação pública, modalidade pregão presencial.

Projeto difícil de viabilizar

Pioneiro, o produtor Zé Dias foi o primeiro a realizar shows no Projeto Seis e Meia em 1995, e, categórico, afirma que "não tem a menor chance de participar dessa licitação". Dias adianta que só cogita a possibilidade de voltar a fazer o Seis e Meia se a iniciativa privada for a responsável majoritária pela viabilização da iniciativa: "A governadora Rosalba Ciarlini é bem intencionada, mas o Estado não tem liquidez. Não tenho capital de giro para ficar brincando de ser produtor", ataca.

Zé Dias lembra quando o Projeto Seis e Meia passou a ser responsabilidade do Estado: "Em 1996/97, quando Garibalbi Alves era o governador, ouviu do cunhado Cláudio Emerenciano que era estranho o fato do nome do governo não aparecer na propaganda da TV. Na época a Unimed era a patrocinadora majoritária. Quando o Estado assumiu a responsabilidade, perdemos o patrocinador e ficamos sem mídia, pois em setembro já não havia mais verba para divulgação."

Depois de Zé Dias chutar o pau da barraca, o produtor William Collier assume o Seis e Meia definitivamente. Foi o principal nome à frente do Projeto, mas até ele está indeciso: "A licitação é uma forma democrática de contratar, mas não desperta interesse pelo baixo valor disponível. Sem falar que ainda tenho dinheiro para receber da FJA e os cachês estão defasados faz tempo", destaca Collier. "Já dei minha contribuição, e estou disposto a ajudar quem ganhar a licitação, mas não vou me envolver diretamente", sentencia.

Fundação sugere nomes no edital

Entre os nomes indicados no edital, poucas novidades: a Fundação sugere a contratação de nomes como Zezé Mota, Fernanda Takai, Maria Gadu, Luiza Possi, Martinália, Peninha, Jessier Quirino e Yamandu Costa. Os nomes locais destacados para Natal são Lucinha Lira, Leno, Isaque Galvão, Simona Talma, Sílvia Sol, Canteiro do Samba,  João Salinas, Gato Lúdico, Macaxeira Jazz, Khrystal, Romildo Soares, Valéria Oliveira e Luiz Gadelha. Em Mossoró, as atrações citadas são Brazuca Jazz, Nida Lira, Kekeli Lira, Dayanne Nunes, Alzunete de Oliveira, Marcílio Maia, Maurílio Santos, Banda Bakulejo, As Brasileiras, Thabata Mendes e Nataly Vox.

Até a programação de agosto mereceu lista específica: Antônio Nóbrega; Antúlio Madureira; Siba e a Fuloresta do Samba (que no edital está identificada como Floresta Encantada) e Vital Farias.

Livro do Seis e Meia vem aí

Collier planeja lançar até agosto um livro registrando os 16 anos do Seis e Meia, escrito por Moacy Cirne com fotos de Evaldo Gomes. "É uma publicação independente, onde contaremos curiosidades e histórias dos bastidores", adianta. O produtor chegou a realizar o Seis e Meia em quatro cidades, além de Natal e Mossoró, esticou até Campina Grande e João Pessoa (PB). "Era uma forma de atrair mais artistas, pois ele iria receber quatro cachês em vez de um ou dois. No começo muita gente veio para conhecer Natal, outras por ser um projeto de caráter social, mas não dá mais para continuar com o mesmo discurso", garante.

Outro com potencial para entrar na licitação  é produtor Amaury Júnior, mas ele também tirou o corpo fora: "Achei impraticável e muito difícil de participar desse edital. Não dá para assumir o cachês do artista nacional, do artista local,  da mídia, hospedagem... tudo por 15 mil (em média) por evento", frisa.

Amaury acredita ser difícil licitar produtos culturais pois há valores muito diferentes no marcado. "Um artista tem o direito de cobrar o cachê que quiser, é uma questão mercadológica".

Experiente, o produtor Alexandre Maia, da Agenda Propaganda, também diz que não participará da concorrência por incompatibilidade de projetos: já está envolvido na produção do MPB Petrobras, que trouxe Arnaldo Antunes e Leila Pinheiro, e trará ainda este ano Tom Zé, Ivan Lins e outros dois nomes ainda em fase de negociação. "O MPB Petrobras contempla seis shows em 15 cidades ao longo do ano, e pratica preços populares como o Seis e Meia, entre R$ 20 e R$ 10. Como as datas dos próximos shows ainda não estão fechadas, ficaria difícil para mim trabalhar em dois eventos da mesma área", informa.

Para Alexandre, a intenção de dar mais qualidade ao projeto é boa: "As pessoas reclamavam da mesmice, mas era difícil trazer novos nomes com o cachê tão baixo. Espero que o leque de opções possa ser ampliado", conclui.

Fonte http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/a-batata-quente-do-seis-e-meia/184367

Nenhum comentário:

Postar um comentário