sábado, 29 de outubro de 2011

DA SILVA E MALASSOMBROS BAND ESQUENTANDO O CALDEIRÃO MULTICULTURAL DO CIRCO DA LUZ!




 Experimentações  sonoras que deram certo. 


PEDUBREU ARREPIOU NO CIRCO DA LUZ UFRN

Com sua mistura de ritmos, um caldeirão de influências étnicas, Pedubreu, promove o folclore e as características culturais de um dos primeiros municípios do RN - São Gonçalo do Amarante.

Gláucio PeduBreu:

Pedu.... Vem de Pedro...e remete à sonoridade típica com a qual o nome é pronunciado no interior, é uma homenagem a Pedro Guajirú, Mestre criador do Boi de Reis.

Já Breu... é uma homenagem ao lugarejo próximo a São Gonçalo, berço da cultura da região e onde ocorreram os primeiros sinais de manifestações folclóricas; lugar único, que já chegou a ser visitado por Câmara Cascudo. Como resultado, Pedubreu.






sexta-feira, 28 de outubro de 2011

NATAL - SEDE DO XV ENEARTE (Encontro Nacional de Estudantes de Arte do Brasil)


Trabalho, debates e muita troca!!! Muita troca com estudantes de arte de todo o Brasil!

 












 A sucata como elemento sonoro...
O Pau e Lata: Projeto Artístico-Pedagógico desenvolve, ao longo de 14 anos, oficinas de construção rítmica a partir do uso da sucata, em parceria com escolas da rede publica e ONGs que realizam atividades sócio-educativas com crianças, jovens e adolescentes. Atualmente é Grupo Permanente da UFRN, vinculado a EMUFRN.









Houdini potiguar. Número inspirado em Harry Houdini (um dos maiores ilusionistas da história e capaz de se desvencilhar de qualquer tipo de amarra), segue a foto do Houdini original. Qualquer semelhança.... 


UM GATO — OUTRO GATO, O SEMPRE GATO LÚDICO NO XV ENEARTE – UFRN

Vicente Vitoriano (violão, voz, perfomance); Carlos Alberto de Lima (voz, peformance); Artemilson Lima (voz, performance)

 "Nós não fazemos onda!
Não somos uma banda
não somos uma lenda
se nós abrimos fendas
se nós rasgamos vendas
nós fazemos gênero!
É ótimo fazer gênero."
(Skullambaction Society)


O gato ludico é um trabalho teatral desenvolvido especialmente nos anos oitenta e agora voltando para  deleite de um  público fiel e cativo.
 O grupo surgiu  da poesia...e como tal só podia ser (en)cantador... em 1982 durante o Primeiro Festival de Música e Poesia da UFRN, com a cia teatro Nuvem Verde, chegou a participar de três edições do Festival de Artes de Natal, o saudoso Festival do Forte, em 1982, 83 e 84.

Com vocês, sem mais demoras, Civone Medeiros.



Sorria Vicente... para a foto da lembrança do momento eterno!

O produtor cultural Nelson feliz...feliz.. com o retorno do Gato Ludico acompanhado do excelente Bruno Brunis.


.... A fé continua companheiro lenilton e a vida, dentro e fora , mais ainda.

(sorrisos)

domingo, 23 de outubro de 2011

ALA JUDAICA DO CEMITÉRIO DO ALECRIM: MARCAS DE UMA MEMÓRIA



Por Renato Carlos de Menezes(Historiador), colhido na Carta Potiguar.

A caracterização do cemitério como um espaço ecumênico público é uma invenção que no Brasil remonta ao início do século XIX. Até então, costumava-se sepultar os mortos no interior ou nos adros dos templos e conventos, uma prática que, naturalmente, não contemplava pessoas à margem do padrão social declarado branco e católico.

Muito embora tenha-se verificado ao longo da história brasileira alguns hiatos nos quais se observou a ocorrência de grupos marginais improvisarem seus próprios campos santos, negros, mouros, protestantes e judeus estavam, por força da lei, proibidos de fixarem abertamente espaços públicos para inumar os seus mortos. Com a vinda da corte portuguesa para o Brasil, em 1808, Dom João VI celebrou com a Inglaterra um tratado de livre navegação que fixava, entre outras coisas, a liberdade para construção de cemitérios de confissão protestante. Aberto o precedente, membros de outros credos imediatamente lançaram mão do expediente de adquirirem espaços próprios nestes cemitérios.

Na então Província do Rio Grande do Norte, o primeiro cemitério britânico foi fixado na cidade do Natal, na margem esquerda do Rio Potengi, próximo à praia da Redinha. Tratava-se de um sítio ermo e idílico, apressadamente elegido pelo poder público como última morada dos estrangeiros não-católicos vitimados por uma epidemia de cólera-morbo que assolou a cidade. A data precisa de sua fundação ainda é desconhecida, todavia é seguramente mais antigo que a primeira necrópole pública da cidade, o Cemitério do Alecrim, inaugurado em abril de 1856.


Segundo Egon e Frieda Wolff, eminentes pesquisadores da historiografia judaico-brasileira, a primeira sepultura israelita erigida na cidade de Natal pertence a Godel Slavni, falecido a 18 de junho de 1914. Naqueles idos, os poucos judeus radicados na cidade ainda não haviam organizado a comunidade israelita natalense, que teria início a partir do núcleo de quatro irmãos da família Palatnik, imigrantes originários da Ucrânia que aqui desembarcaram na segunda década do século XX.


Dentre as ações efetuadas no sentido de organizar a prática religiosa da coletividade judaica potiguar, imperava a necessidade de um campo santo comunitário. A doação da área, dentro dos limites do Cemitério do Alecrim, foi finalmente acordado com a prefeitura em 10 de janeiro de 1931. Numa quadra murada, passaram então a ser sepultados os membros da comunidade, inclusive aqueles falecidos antes de sua constituição e que posteriormente foram transladados para junto dos seus.


Ainda que constituída de um conjunto de lápides de estilo sóbrio com inscrições em Hebraico e a Estrela de Davi, o fascínio que a ala judaica exerce sobre os natalenses rivaliza com a admiração pelos suntuosos jazigos que afloram em outras quadras do cemitério.




Exemplo disso é o poema “Canção de amor para uma moça judia”, da poetisa potiguar Iracema Macedo:
“Conheço Rosinha Palatnik por um único retrato de louça que vive no cemitério entre os túmulos judeus.
Morreu em 1936 aos vinte anos de idade e há sobre a lápide letras em hebraico que não decifro.
Talvez suicídio, talvez outra sorte
De qual morte morreu essa moça judia que não morre? (…)
Com a migração dos judeus potiguares para outros centros urbanos e o conseqüente encerramento das atividades do Centro Israelita de Natal ― a entidade mantenedora da ala ― no final dos anos 1960, a área entrou num progressivo processo de esquecimento e abandono. Com algumas pedras tumulares completamente enegrecidas e epitáfios apagados pelo tempo, a quadra israelita do Cemitério do Alecrim ainda aguarda uma intervenção que vem sendo há muito adiada pela diretoria da Comunidade Israelita do Rio Grande do Norte (CIRN) e pela seção regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Segundo os funcionários da administração do cemitério, o lugar onde descansa uma parte importante da memória social da cidade quase nunca é visitado. Os raros visitantes parecem surgir atraídos pelos ecos da vida daqueles imigrantes que, no início do Século XX, trouxeram em suas bagagens ares de modernidade para a provinciana Natal. Fundaram lojas, como a Casa Sion, sediada na Rua Dr. Barata, nº 6, onde era possível encontrar desde brinquedos até mosaicos com belas padronagens; realizaram incorporações imobiliárias, a exemplo da vila Palatnik, além de interagirem de forma substancial na vida social da cidade, participando de lojas maçônicas, associações desportivas e comunitárias.


Repleto de conteúdos simbólicos e de elos da memória dos acontecimentos da cidade, a ala israelita do Cemitério do Alecrim é mais um dos tantos documentos arquitetônicos que se volatizam pela ação combinada do tempo e da indiferença. Há que se lembrar que a responsabilidade pela preservação deste capítulo da nossa história não é atribuição exclusiva do Estado, devendo ― até como um exercício de educação patrimonial ― ser compartilhada também com entidades civis e pessoas físicas.


Na contramão do conformismo, o caso do Memorial Judaico de Vassouras é um exemplo de recuperação e manutenção de bem cultural que pode ser imitado: mobilizados em torno da recuperação de duas sepulturas israelitas do século XIX que estavam abandonadas nos fundos de um asilo no município de Vassouras (RJ), juntos o poder público, organizações e entusiastas conseguiram restaurar os túmulos e transformar o local num belo jardim memorial. Com o objetivo de zelar pelo espaço e também auxiliar na manutenção do asilo que funciona contíguo ao local, foi fundada a Sociedade Amigos do Memorial Judaico de Vassouras, reconhecida como de utilidade pública pela lei estadual no 4.979, de 08 de Janeiro de 2007.

Enquanto isso, oculta na paisagem urbana e fora da ordem de prioridades, a ala israelita do Cemitério do Alecrim segue suspensa apenas pela lembrança de uma outra época, pacientemente à espera de qualquer ação que a dignifique nesta terra prometida do esquecimento.